USPSTF: AAS na prevenção da pré-eclâmpsia

 

 

 

Pergunta clínica: as grávidas com alto risco para pré-eclâmpsia (PE) devem ser medicadas com ácido acetilsalicílico (AAS)?

Enquadramento: A PE é uma síndrome multissistémica habitualmente reconhecida pelo aparecimento “de novo” de hipertensão arterial (HTA) e proteinúria na 2ª metade da gravidez. Cerca de 2 a 3% das gravidezes complicam (5 a 7% nas multíparas) e cerca de 2% destas desenvolvem eclâmpsia. São consideradas de alto risco para PE as grávidas com história de pré-eclâmpsia, gestação múltipla, HTA, diabetes, doença renal e doença auto-imune.

Desenho do estudo: Revisão realizada pela United States Preventive Services Task Force (USPSTF) sobre a eficácia e segurança da toma de  AAS de baixa dose (por grávidas assintomáticas consideradas como sendo de alto risco) na prevenção da pré-eclâmpsia e na diminuição das complicações maternas e fetais.

Resultados: Baixas doses de AAS (60-150mg) diminuíram o risco de pré-eclâmpsia em 24%, de parto pré-termo em 14%, e de atraso de crescimento intra-uterino em 20%. Não existiu aumento de risco de descolamento da placenta, hemorragia pós-parto, hemorragia intracraniana fetal ou anomalias congénitas, nem de malefícios a médio prazo (até 18 meses de idade). Não foi determinada uma dose específica de AAS mas a maioria dos estudos utilizou doses de 100 mg. O momento para início da toma que demonstrou ser mais eficaz foi entre as 12 e 16 semanas de gestação.

Conclusão: As grávidas com alto risco para PE devem ser medicadas, após as 12 semanas de gestação, com AAS de baixa dose (81 mg/dia) (Recomendação B).

Comentário: Nesta revisão, a USPSTF defende a utilização de AAS em baixa dose, não tendo sido demonstrados os malefícios que mais poderão preocupar o clínico e a grávida. Porém, ainda não é possível prever a influência a longo prazo que a toma de AAS terá no nascituro. A grávida com características de alto risco para PE será provavelmente também seguida na consulta de gravidez de risco, nos cuidados de saúde secundários. Não obstante, e tendo em conta esta recomendação, o médico de família pode ponderar iniciar a prescrição de AAS.

Artigo original:Ann Intern Med

Por Mariana Rio, USF São João do Porto  

 

 

 

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