Carlos Arroz

Outras leituras: “O Pintor de Batalhas” por Arturo Pérez-Rever Edições ASA, 1ª Edição – Março de 2007

Confesso-me um leitor compulsivo. Leio tudo o que posso notempo que disponho. Sou profundamente infiel ao ponto de ter dezenas delivros que considero o livro da minha vida, o livro que mais me tocou.

Aproveitei o segundo fim-de-semana de Janeiro, no meio de umfrio intenso, para, amparado por um borralho reconfortante, olhar paraas estantes, escorregar pelas lombadas.

Esperando que um livro me escolhesse, já que eu,envergonhado para com todos, não quis tomar a iniciativa e magoá-los.Algum tempo depois, muito tempo depois, houve química. Nem sequer é dosmais nutridos nem dos mais badalados. Toquei-lhe e recordei de imediato.

É um romance de um autor cartaginês que fez percurso préviocomo repórter de guerra, sedimentando os teóricos conhecimentos dalicenciatura em Ciência Política e Jornalismo.

Arturo Pérez-Reverte tem uma escrita dura, directa, de umrealismo que dói e a que não conseguimos ficar indiferentes. Este seu “OPintor de Batalhas” confronta um repórter de guerra, premiado, com umsoldado sobrevivente à guerra nos Balcãs, mas incapaz de sobreviver aostremendos danos que a sua fotografia, premiada e capa de revista,provocou a si e à sua família.

Os diálogos são tremendos e levam-nos a inquirir, ou aprocurar fazê-lo, as consequências dos nossos actos e, principalmente,das nossas omissões, dos nossos silêncios e dos nossos medos.

 

Assim, a pedido do Carlos Martins, com perdão para Pessoa,Torga, Ramalho, Miguéis, Eco, etc.,etc., talvez, ao momento, possaafirmar que este é o livro que mais me tocou.

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