Consequências a prazo após exposição a controlo intensivo da Diabetes




Pergunta clínica: nos diabéticos tipo 2, após a exposição a um período de controlo intensivo, quais as consequências a longo prazo, sob a perspectiva de morbi-mortalidade?

Desenho do estudo: Estudo de coorte prospectivo. Acompanhamento dos diabéticos que tinham participado previamente num ensaio clínico desenhado para estudar as consequências do controlo intensivo de glicemia. Durante esse ensaio prévio (que durou aproximadamente 3,7 anos) os diabéticos tipo 2 foram aleatoriamente selecionados para receberem controlo intensivo de glicemia (com o objetivo de atingir valores de HbA1c <6%) ou tratamento habitual (com o objetivo de atingir valores de HbA1c 7-7,9%). Após o fim do ensaio todos os diabéticos puderam ajustar os objectivos de HbA1c com o seu médico (sem seguir o protocolo definido previamente). Os investigadores conseguiram seguir 98% dos participantes (n= 8601) durante 5 anos. O estudo usou como indicador para avaliação principal a morte cardiovascular, enfarte não fatal e AVC não fatal.

Resultados: O controlo intensivo da diabetes durante cerca de 3,7 anos não demonstrou benefício a longo prazo em relação à morte cardiovascular, enfarte não fatal, AVC não fatal, morte de qualquer causa ou mortalidade global. Durante o ensaio verificou-se um aumento da mortalidade cardiovascular no grupo de tratamento intensivo (p< 0,0001), verificando-se uma redução da mesma durante os anos subsequentes (p=0,02), mantendo-se contudo superior ao grupo controlo.

Comentário: Este estudo reforça a importância de adaptar os objetivos terapêuticos ao diabético. Através da decisão partilhada, e baseados na evidência conhecida, o objectivo da equipa de saúde familiar deve ser sempre a prevenção das complicações da diabetes e a promoção da saúde e não apenas uma meta laboratorial.

Artigo original: Diabetes Care

Por Paulo Fernandes, USF Águeda +Saúde 





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