Coronavírus – uma emergência nos lares de idosos

 

Temos assistido nas últimas décadas a um envelhecimento progressivo e acentuado da população. A infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV2) afeta sobretudo a população idosa, sendo também acima dos 70 anos que encontramos a maior taxa de mortalidade por este vírus. Os idosos residentes em lares são particularmente vulneráveis, uma vez que nestas instituições residem habitualmente grandes idosos, com multimorbilidade, fragilidade, elevado grau de dependência, bem como confinamento frequente em espaços fechados. Cedo assistimos ao crescente número de casos de infetados e mortes nos lares de idosos em Portugal, mas também em outros países dentro e fora da Europa. Segundo o International Long Term Care Policy Network, a 23 de Abril de 2020, cerca de 40% das mortes ocorridas em Portugal pelo novo coronavírus foram de idosos residentes em lares. A par das características apresentadas por esta população, existem outros fatores que contribuíram desde cedo para esta realidade, tais como a inexistência e não aplicação em tempo útil de planos de contingência, carências no número e formação dos profissionais, bem como de materiais de proteção individual. A implementação de medidas que visem diminuir o risco de transmissão aos idosos pelos cuidadores, mas também pelos visitantes, através da restrição de visitas são medidas que tiveram que ser adotadas. A identificação dos casos assintomáticos nos residentes e cuidadores, o reconhecimento de sintomas atípicos frequentes nesta população, numa fase inicial da doença, de forma a isolar precocemente os casos positivos e a adoção de medidas eficazes de isolamento dos idosos infetados, são outros desafios que se levantam às instituições.

O combate ao novo coronavírus nos lares de idosos irá requerer um esforço acrescido das equipas, bem como uma boa articulação entre as instituições sociais e de saúde, de forma a minimizar o impacto negativo a que se tem assistido, desta pandemia nos lares de idosos.

Atentos e preocupados com a evolução da pandemia na população idosa no nosso país, o Grupo de Estudos de Saúde do Idoso da APMGF, publicou o documento Recomendações para IPSS, Lares e ERPI durante a fase de mitigação e resolução da pandemia COVID-19, com vista a apoiar estas instituições na adoção de medidas não só preventivas, mas também de atuação perante casos suspeitos/confirmados.

Perante um vírus com muitas implicações desconhecidas, que possamos aprender com a experiência já adquirida e corrigir erros, de forma a obter melhores resultados nos desafios futuros que se adivinham, e protegermos aqueles que pela sua vulnerabilidade, merecem a nossa mais dedicada atenção.

Por Anabela Andrade, GESI

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