Tratamento não invasivo da lombalgia




Pergunta Clínica: O tratamento não invasivo de doentes com lombalgia aguda, subaguda ou crónica é eficaz?

Enquadramento: A lombalgia é um problema muito prevalente. Nos EUA, aproximadamente 25% dos adultos tiveram lombalgia com duração de um dia nos últimos 3 meses. As opções terapêuticas são múltiplas e a escolha pode tornar-se um verdadeiro desafio na prática clínica do dia-a-dia.

Desenho do estudo: Recomendações elaboradas pelo American College of Physicians (ACP) após revisão sistemática da evidência.  A população incluída nos estudos encontrados incluiu adultos (≥  18 anos) com lombalgia aguda (< 4 semanas), subaguda (4-12 semanas) e crónica (>12 semanas). Os resultados foram avaliados atendendo à magnitude do efeito do tratamento na dor (pequeno, moderado e major) e na função. Foram avaliados os outcomes: dor, funcionalidade, qualidade de vida, retorno à actividade laboral, melhoria global, número de episódios, satisfação e efeitos adversos.

Resultados: Na lombalgia aguda/subaguda devem ser seleccionados tratamentos não farmacológicos como a aplicação de calor (moderada qualidade de evidência e moderada melhoria da dor e função) e massagem (baixa qualidade de evidência e pequena a moderada melhoria da dor e função). A acupunctura teve um pequeno efeito na melhoria da dor (baixa qualidade de evidência) e a manipulação vertebral um pequeno efeito na melhoria da função. Não houve efeitos adversos importantes com estes tratamentos. Os anti-inflamatórios não esteróides (AINES) ou relaxantes musculares devem ser os fármacos de primeira linha (moderada qualidade de evidência, grau forte de recomendação) caso o tratamento famacológico seja desejado. Os AINES levaram a uma pequena melhoria da intensidade da dor (moderada qualidade de evidência) e da função (baixa qualidade de evidência). Os relaxantes musculares tiveram pequena melhoria do alívio da dor (moderada qualidade de evidência) mas sem evidência na função. Os esteróides não foram benéficos na lombalgia aguda/subaguda. O paracetamol não está recomendado, por ausência de benefícios. Para os utentes com lombalgia crónica recomenda-se actividade física, acupunctura, tai-chi, yoga, electromiografia de biofeedback, laser, manipulação vertebral (baixa qualidade de evidência, grau forte de recomendação) como primeira abordagem. Naqueles com má resposta deve optar-se por AINES (primeira linha), tramadol ou duloxetina (segunda linha). Devem ser evitados opióides por longos períodos e terapias pouco efectivas como os antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos de recaptação da serotonina .

Comentário: Estas recomendações têm algumas limitações e levantam outras questões. As melhorias na dor e função devido aos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos foram pequenas não mostrando clara evidência em comparação com o grupo controlo. O objectivo regresso ao trabalho não foi claramente avaliado. Seria interessante avaliar o uso de opióides crónicos comparando os benefícios e riscos desta terapêutica na lombalgia.

Artigo original: Ann Intern Med

Por Cátia Pires, USF Santa Joana 


Quadro resumo do artigo original




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