Por Diana Carneiro, IFE MGF, USF Horizonte
Uma meta-análise de oito estudos revelou que os doentes tratados com doses baixas de aspirina tinham menor probabilidade de morrer por algumas neoplasias comuns.
Nestes oitos ensaios clínicos randomizados, foram incluídos 25,570 doentes que realizaram aspirina como prevenção primária ou secundária de doença cardiovascular. O período de tratamento programado foi de quatro anos ou mais.
Não houve redução estatisticamente significativa no risco de morte por qualquer tipo de neoplasia durante os primeiros cinco anos de follow-up. Quando a duração do follow-up foi superior a cinco anos, ocorreu uma redução no número de mortes devido a neoplasia mas apenas em adenocarcinomas histologicamente comprovados ou em neoplasias primárias onde o adenocarcinoma predomina. Nenhum efeito foi observado no risco de morte por neoplasia em indivíduos com idade inferior a 55 anos, contudo a redução no risco de morte ocorreu em doentes com idade superior a 65 anos.
A razão risco/benefício, na realização de aspirina a longo prazo, depende das características prévias do doente (do risco basal de morte por neoplasia, da ocorrência ou não de eventos cardiovasculares ou episódios hemorrágicos prévios). A ocorrência destes eventos aumenta com a idade, mas não necessariamente na mesma medida. A realização de aspirina aumenta o risco de hemorragia e reduz o risco de eventos cardiovasculares no primeiro ano, contudo os efeitos benéficos no risco de morte por neoplasia não foram encontrados durante os primeiros cinco anos de follow-up (provavelmente por causa do tempo necessário para o desenvolvimento de neoplasias fatais).
Estes dados não parecem justificar a administração por rotina de doses baixas de aspirina para reduzir o risco de morte por neoplasia. Devemos estar preparados para aconselhar os nossos doentes tendo em atenção o risco de eventos cardiovasculares, de hemorragias extra-cranianas e de Acidentes Vasculares Cerebrais hemorrágicos. Devemos também informar os doentes que os efeitos benéficos no risco de morte por neoplasia não ocorrem até que a aspirina seja realizada por mais de cinco anos e que não há diferença estatisticamente significativa entre os doentes que iniciaram a aspirina antes dos 55 anos de idade.
Artigo original: http://www.npc.co.uk/ebt/merec/cardio/diabetes2/merec_monthly_no35.html