Escândalos e saneamentos!?

Conheço e acompanho há alguns anos o percurso do nosso colega Nelson Rodrigues, médico de família, em particular através das suas intervenções em encontros de Medicina Geral e Familiar e em reuniões de orientadores de formação e de médicos internos da nossa especialidade.

Tenho uma elevada consideração por ele e penso que haverá consenso a esse respeito no seio da MGF, onde tem tido funções relevantes, através da APMGF e da Ordem dos Médicos, particularmente no distrito de Viana do Castelo, mas não só.

Quando aceitou um cargo na administração da ULS do Alto Minho, temi que pudesse não correr bem, atendendo às contradições que iria enfrentar, numa administração geralmente dominada pelo peso das outras especialidades e num modelo geralmente dominado pelo peso do hospital face aos cuidados de saúde primários.

Tenho uma posição de princípio contra as ULS, considerando que este tipo de estrutura e de organização é a melhor forma de perpetuar o clássico e doentio hospitalocentrismo do nosso país.

No encontro das USF do distrito, pudemos precisamente assistir a algumas daquelas contradições, de acordo com os testemunhos de muitos colegas, em relação ao facto de a administração não estar a cumprir diversos compromissos assumidos.

Entretanto, a ULSAM tem o caso mais escandaloso de uma USF, a Mais Saúde, que espera há mais de um ano, com parecer técnico positivo da ERA Norte, a evolução para modelo B. O Nelson Rodrigues exigiu deliberação e fundamentação no conselho de administração, o que não aconteceu.

O Nelson Rodrigues foi agora exonerado, precisamente na mesma altura, em que são escandalosamente nomeados diretores executivos de ACES, sem curricula minimamente razoáveis, pelo contrário, são medíocres e inadequados para a área da saúde.

O Conselho de Administração da ULS do Alto Minho, que atropela a legislação em vigor, a vontade expressa do Governo e as recomendações da Troika, mantém-se!

Eu penso que se tratou de um saneamento, ou seja, da exclusão de um profissional competente, que não se limitou a ser um “yes man”.

Para mim, é um imperativo de consciência tornar pública esta denúncia e expressar-lhe a minha total solidariedade.

Para mim, é um imperativo de consciência, dizer basta a tanto disparate que grassa em Portugal e contribuir para construir alternativas.

Bernardo Vilas BoasMais OpiniãoMaisOpinião - Bernardo Vilas Boas
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