Livro “Inteligência Artificial – Como Funciona e Como Podemos Usá-la Para Criar um Mundo Melhor” de Nick Polson e James Scott
O que são os algoritmos?
Ultimamente ouvimos falar muito neles, inclusive na área médica: desde os algoritmos de decisão clínica, que se aplicam perante determinadas doenças, até às aplicações de redes sociais utilizadas online mundialmente, que prevêem e fornecem o conteúdo que interessa ao utilizador.
Como funcionam?
Uns dirão que é sorte ou instinto, outros que é senso clínico (no caso da decisão clínica), outros ainda que é uma questão de probabilidades (não será assim também no dito “senso” clínico?). Tal como o médico de família tem que lidar com a incerteza, os algoritmos não lidam com certezas, mas trabalham muito com probabilidades. E para serem cada vez mais fidedignos, requerem informação atualizada, trabalhada com muita qualidade e sobretudo grande quantidade de dados, no mais curto espaço de tempo possível – algo que, nesta última meia dúzia de anos, se transformou consideravelmente através da enorme disponibilidade de dados em rede e da capacidade cada vez mais célere de cálculo/computação dos processadores que compõem os computadores de hoje – desde as monstruosas bases de dados das grandes empresas digitais até aos mais minúsculos gadgets e smartphones do comum cidadão.
Com um crescente potencial de impacto nas sociedades modernas, mas também geradora de tabus e medos quanto aos possíveis perigos da sua má utilização na espécie humana, a Inteligência Artificial está cada vez mais presente no dia-a-dia das nossas vidas, quer pessoal quer profissionalmente. Torna-se, por isso, importante compreendê-la de uma forma acessível, objetiva e prática. É o desafio que nos lançam os autores deste livro, partindo de exemplos históricos como as descobertas na astronomia ou a experiência de guerra da mais famosa enfermeira Florence Nightingale, para explicar as soluções de hoje (exemplo do Netflix, do GPS ou do tradutor da Google) e os desafios do amanhã (predição de pandemias ou viaturas autónomas), sem descurar riscos como a manipulação, feita pelas redes sociais, da informação e das democracias. Importa concluir que a “Inteligência” da máquina só o será em função daquilo que o “Homem” lhe der como alimento. Saiba o Homem gerar e fazer crescer saudavelmente esta ferramenta, em prol de uma melhor resposta aos problemas da humanidade.
Sugestões adicionais (em complemento ou para quem é mais preguiçoso na leitura):
– “AI the new sexy” (México, 2020, em castelhano): podcast sobre o tema, no feminino, também ele com linguagem simples para leigos e com exemplos práticos do dia-a-dia.
– “The Age of A.I.” (YouTube Originals, 2019): série de 9 episódios de 35-45 minutos apresentada por “IronMan” Robert Downey Jr., apresenta o impacto personalizável e escalável desta tecnologia em múltiplas áreas, abrangendo também a saúde e os países em desenvolvimento; exemplos de rastreios automatizados de retinopatia diabética em lugares de carência médica, sintetizador de discurso em doentes com disfasia do foro motor ou neurológico (ELA ou AVC), terapia cognitivo-comportamental ou próteses biónicas para amputados.
Por André F. Correia @ Linkedin