A mamografia em "check down"?

 

Saiu este mês “BMJ 2014;348:g1403 doi: 10.1136/bmj.g1403 (Published 11 February 2014” um Editorial que deve ser lido, relido e bem lido pois refere que a mamografia, tal como o PSA, não salva vidas, apenas promove problemas psicológicos, de qualidade de vida. E vai mais longe: para a mama é provável que a palpação, orientando então para a radiologia é que deverá ser o procedimento correcto “o dano (sobrediagnóstico) e os benefícios (redução da mortalidade) não são muito diferentes. O risco e cancro da mama a 20 anos para uma mulher de 50 anos é de 6,1% incluindo 22% de sobrediagnóstico e de 5,0% sem rastreio).

Dá que pensar… Parece que teremos de voltar à palpação mamária como guia orientadora, teremos de ter em conta que a radiografia deve ser lida por mamografistas e teremos de equacionar o que vamos ter de dizer às nossas consulentes…

É bem provável que o Século XXI continue a contradizer muito do que o Século XX andou a fazer quando pensámos que resolveríamos tudo, que os exames iam permitir descobrir tudo, que a prevenção ia resolver tudo e que os medicamentos tratariam tudo.

Assim sendo o que diremos às nossas consulentes? Como nos orientaremos no medo da doença que os pacientes têm e a sociedade (leia-se como se queira!) lhes impinge e como teremos de voltar a ter tempo para detalhadamente observar e examinar fisicamente os e as nossas consulentes?

Boa tempestade cerebral.

Luiz Miguel Santiago

MD, Médico de Família, USF Topázio

PhD, FCS da Universidade da Beira Interior

 

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