Prevalência de iliteracia em saúde em Portugal




Pergunta clínica: Qual a prevalência da iliteracia em saúde em Portugal?

Desenho do estudo: Adaptação transcultural do instrumento avaliação da literacia em saúde intitulado “Newest Vital Sign”. Aplicação da versão validada para a população Portuguesa em 2012 e avaliou uma amostra representativa da população nacional acerca do conhecimento sobre obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, cancro e hábitos de vida saudáveis. Obtidas 1624 entrevistas válidas, destas foram excluídas 79 da análise estatística por incapacidade de ler ou escrever ou falta de informação sobre a escolaridade. A amostra final foi de 1544 entrevistados. A amostra tinha média de idades de 41 anos, metade (50%) era do género feminino e cerca de 40% tinha 4 anos ou menos de escolaridade.

Resultados: A prevalência de literacia em saúde limitada na população portuguesa entre os 16 e os 79 anos foi de 72,9%, sendo 30,4% classificada num grupo intermédio como “possibilidade de literacia em saúde limitada” e 42,5% como “elevada possibilidade de literacia em saúde limitada”. A literacia limitada aumenta com o aumento da idade e diminui com o aumento da escolaridade. Havia ligeiramente mais mulheres no grupo intermédio, contudo na análise de multivariáveis não houve diferença significativa entre géneros.

Conclusão: 3 em 4 pessoas da população portuguesa alfabetizada têm literacia em saúde limitada (72.9%).

Comentário: O valor estimado, neste estudo, de literacia em saúde limitada é superior ao observado noutros países europeus avaliados pelo mesmo método, 23,7% na Holanda e 63,1% em Espanha. Estas conclusões devem-nos alertar para a importância que os profissionais de saúde têm em capacitar a população portuguesa de conhecimentos sobre os comportamentos promotores de saúde e sobre as suas patologias. Uma pessoa informada terá maior capacidade de prevenir patologias e gerir os problemas já instalados. A informação deve ser adaptada ao cidadão ou ao seu cuidador e aos seus graus de educação, privilegiando sempre mensagens claras e, quando possível, disponibilizar a informação escrita ou audiovisual em formato de papel ou digital, respetivamente. Será que os tempos reduzidos de consulta, a quantidade de utentes nos ficheiros dos Médicos de Família e/ou o descontentamento dos profissionais com as condições de trabalho estarão a influenciar esta falta de literacia na população?

Artigo original: Acta Médica Portuguesa

Por Isabel Rocha, UCSP de Penacova  



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