Sinopse da evidência: rastreio do cancro da próstata



Pergunta clínica: Deve-se efectuar o rastreio do cancro da próstata por antigénio específico da próstata (PSA)?

Desenho do estudo: Sinopse da evidência, realizada pelos colaboradores do grupo NNT.com e pela a Academy of Family Physicians. 

Enquadramento: A prevalência de cancro da próstata nos EUA é de 16%, com mortalidade de 3%. Resultados de autópsias têm mostrado que até dois terços dos homens mais velhos morrem com doença assintomática de cancro de próstata.

Resultados: Revisão de 6 ensaios clínicos com um total de 387 286 pacientes. A taxa de mortalidade absoluta no grupo PSA foi de 19,8% vs 20% no grupo de controlo. A taxa de mortalidade por cancro da próstata no grupo PSA foi de 0,7%, vs 0,8% no grupo de controlo. A taxa de diagnóstico de cancro da próstata no grupo PSA foi de 6,4% vs 4,4% no grupo de controlo. Os eventos médicos adversos, como infecção ou hemorragia, devido à biópsia no grupo PSA foi de 0,7% e ocorreram 20% de biopsias a falsos positivos no grupo PSA. O estudo European Randomized Study of Screening for Prostate Cancer calculou que 76% dos resultados positivos de PSA revelaram-se falsos positivos, com aproximadamente 20% dos homens submetidos a rastreio a serem submetidos a biópsia por esse motivo, (número necessário para causar dano [NNH] = 5). Segundo o mesmo estudo, não foi evitada nenhuma morte (prevenção de morte por qualquer causa e prevenção de morte por cancro de próstata); 1 em cada 5 pacientes foi prejudicado (submetidos a biópsia da próstata devido a um teste falso-positivo); 1 em cada 34 pacientes foi prejudicado (desenvolvimento de disfunção eréctil); 1 em cada 56 pacientes foi prejudicado (aparecimentos de incontinência urinária).

Conclusão: Não se recomenda a utilização do PSA como método de rastreio do cancro da próstata.

Comentário: O grupo de doentes a quem foi pedido o PSA não teve uma diminuição da mortalidade. A salientar o número elevado de homens submetidos a prostatectomia desnecessária. Este procedimento pode causar sequelas a longo prazo: disfunção eréctil, incontinência urinária, eventos cardiovasculares graves e mortalidade. Não existem dados para determinar se a utilização do PSA é útil para populações de alto risco. Um dos desafios do médico de família é conseguir dialogar com o utente esclarecendo qual é a real utilidade do pedido do PSA.

Artigo original: AAFP

Por Susana Silva, USF Locomotiva




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