Pergunta clínica
Que conselhos devem ser dados aos pais relativamente ao tempo despendido em frente ao ecrã?
Enquadramento
Vivemos no mundo da era digital. Televisão, computadores, Internet, smartphones, videojogos e redes sociais entram no léxico e na vivência das crianças desde muito cedo. Neste contacto, reconhecem-se riscos mas também benefícios. A exposição a novas ideias, a aquisição de conhecimentos, a oportunidade de contacto social e de obtenção de suporte são benefícios reconhecidos. Os efeitos negativos no peso corporal e sono, a exposição a informação imprecisa ou a conteúdos inapropriados, bem como os problemas relacionados com a privacidade e confidencialidade, são potenciais riscos da utilização dos média digitais.
Tipo de artigo
Recomendações do Grupo de Estudos em Comunicação e Media da Associação Americana de Pediatria.
Recomendações
Os pais e os pediatras devem trabalhar em conjunto no sentido de desenvolver um Plano Familiar de Utilização dos Media (através da plataforma Family Media Plan). Este plano deverá ter em consideração o tipo e quantidade de média a ser utilizado pela criança ou adolescente, assegurar o cumprimento das recomendações de atividade física diária (1 hora por dia) e de tempo total de sono (8-12 horas por dia, consoante a idade), designar tempos livres de média (por exemplo, refeição em família, duração tempo de realização de tarefas escolares) e locais em que os média são proibidos (como no quarto), bem como assegurar que a recomendação é partilhada pelos restantes cuidadores, como avós ou babysitters. O médico deverá discutir com a família os benefícios e riscos associados à utilização dos média, bem como alertar para ferramentas de controlo da atividade e sinais relacionados com práticas menos seguras.
Comentário
A presente recomendação pretende ir mais além do que apenas limitar o tempo máximo despendido em frente ao ecrã e recomenda um plano estruturado, em que se realçam temáticas importantes como o cumprimento da atividade física diária e tempo total de sono recomendados. A decisão partilhada de um plano entre o médico de família e a família é um momento chave de educação para a saúde, adequando estratégias para um uso moderado destes meios, podendo assim tirar benefício da sua utilização. Fica bem patente também nestas recomendações que a vivência do mundo digital não deve interferir com o que é mais importante: o estabelecimento de relações afetivas de proximidade, determinantes no desenvolvimento da criança.
Por Maria João Xará, USF Entre Margens