
A agenda ecológica em 2015 ficou marcada por dois momentos chave: a publicação da encíclica “Laudato si” pelo Papa Francisco e a realização da Conferência supranacional sobre as mudanças climáticas (COP 21).
A leitura da apelidada encíclica “verde” é uma sugestão que deixo para todos, independentemente da crença.
No primeiro documento oficial do Vaticano exclusivamente dedicado à ecologia, o primeiro Sumo Pontífice jesuíta teve o cuidado de escrever num tom abrangente que inclui na solução, não apenas católicos, mas todos os que partilham esta nossa “casa comum”. É particularmente corajosa a chamada de atenção do Papa para a dívida que o ocidente tem para com os mais pobres e desfavorecidos, muitos deles fruto do ciclo de consumo desenfreado sem consciência social.
A COP 21 decorreu em Paris de 30 de Novembro a 12 de Dezembro do ano passado. A salientar a presença da sociedade civil e das ONGs como veículo para a mudança.
Só o compasso de espera da história permitirá julgar o impacto que 2015 realmente terá na avassaladora tarefa de mudar de rumo no que diz respeito à questão ambiental.
Os compromissos internacionais e as palavras inspiradas dos líderes serão sempre fundamentais, mas também me parece sensato aplicar neste aspecto a velha máxima “pensar global, agir local”.
E é aqui que nós, profissionais de saúde dos cuidados de saúde primários (CSP), podemos e devemos exercer o nosso papel ecológico.
Bem sei que actualmente já existem projectos amigos do ambiente em várias Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e Unidades de Saúde Familiares (USF).
No entanto, julgo que precisamos de colocar este tema na agenda nacional das variadas associações dos CSP. Desta forma poderemos partilhar ideias e distinguir os bons exemplos.
O sucesso dependerá também da motivação dos cidadãos, pelo que as ligas dos amigos das UCSP e USF devem ser incluídas no desenho e concretização das medidas “verdes”.
Uma comunidade local mais ecológica será certamente mais saudável pois, por exemplo, uma alimentação equilibrada com produtos locais e a manutenção de percursos de caminhada que respeitem o ecossistema trazem evidentes ganhos em saúde.
Este poderia, aliás, ser o lema positivo a adoptar pelas UCSP/USF difundido pelos média locais: “mais ambiente: mais saúde para todos”.
Por Luís Monteiro, Médico de Família, Co-Editor MGFamiliar