Azitromicina, levofloxacina e risco de arritmia

 

Pergunta clínica: A antibioterapia com azitromicina e levofloxacina potencia arritmias e aumenta a mortalidade de causa cardiovascular (CV)?

Enquadramento: Já se conhecia que vários antibióticos macrólidos são pró-arrítmicos e que estão associados a um risco aumentado de morte súbita cardíaca. No entanto a azitromicina, tendo em conta a experiência clínica, parecia uma opção segura. A literatura publicada desde 2012 nos EUA, parece indicar que, tal como a levofloxacina, a azitromicina  pode prolongar o intervalo QT, propicia a ocorrência de taquiarritmias ventriculares, de torsade de pointes ou mesmo paragem CR.

Desenho do estudo: Estudo de coorte retrospectivo, durante o período entre Setembro de 1999 e Abril de 2012, que incluiu os dados relativos à prescrição de um dos três antibióticos a veteranos norte-americanos.

Resultados: A distribuição dos três antibióticos foi a seguinte: amoxicilina (n = 979 380), azitromicina (n = 594 792) e levofloxacina (n = 201 798). A duração média indicada para a antibioterapia foi de 5 dias para a azitromicina e 10 dias para amoxicilina e levofloxacina. Entre o 1º e 5 º dia de antibioterapia os veteranos medicados com azitromicina tiveram um aumento significativo da mortalidade (hazard ratio [HR] = 1.48; 95% CI, 1.05–2.09) e risco aumentado de arritmia grave (HR = 1.77; 95% CI, 1.20–2.62) quando comparado com o grupo medicado com amoxicilina. Também o grupo medicado com levofloxacina apresentou, durante os primeiros 5 dias de tratamento, um risco acrescido de mortalidade (HR = 2.49, 95% CI, 1.7–3.64) e de arritmia grave (HR = 2.43, 95% CI, 1.56–3.79) quando comparado com os doentes medicados com amoxicilina.

Conclusão: A azitromicina e a levofloxacina apresentam riscos de arritmia e mortalidade mais elevados do que a amoxicilina.

Comentário: A antibioterapia com azitromicina e levofloxacina potencia arritmias e aumenta a mortalidade de causa cardiovascular (CV) quando comparada com a amoxicilina. Sendo assim, recomenda-se precaução no uso destes antibióticos em doentes com patologia cardiovascular já existente, sobretudo com risco de arritmia. São necessários mais estudos para estabelecer melhor a relação dos riscos cardíacos da azitromicina, bem como, de outros macrólidos, como a claritromicina ou a eritromicina.

Artigo original

Por Ângelo Costa, UCSP Fernão de Magalhães  

 

 

 

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