Por Raquel Diz, UCSP Santa Maria II
1) Abordagem geral
-Identificar-se e especificar o nível de treino médico à tripulação
-Avaliação do paciente:
-Identificar a principal queixa e a sua duração; sintomas associados e de alto risco (por ex. dor torácica, dispneia…)
-Avaliar os sinais vitais (pulso e PA) e estado mental do paciente (sinais neurológicos focais)
-Se o paciente está em PCR e tiver indicação, obter e aplicar o desfibrilhador externo automático (DEA).
-Obter o kit de emergência médica e administrar oxigénio, se necessário
-Iniciar contacto com a equipa médica em terra, se a tripulação ainda não o tiver feito
-Intervenções, como administração de fármacos ou fluidos IV, devem ser discutidas com a equipa médica consultora
-Desvio do voo, assistência médica em terra ou ambos devem ser coordenados com a equipa consultora
-Documentar a apresentação clínica e os cuidados prestados. Esta informação deve ser disponibilizada ao pessoal médico na chegada ao destino
2) Abordagem da Síncope ou Pré-sincope
-Confirmar respiração e pulso.
-Transferir o paciente para um corredor, colocá-lo em decúbito dorsal, com as pernas elevadas, e fornecer oxigénio
-Verificar os sinais vitais (a hipotensão é frequente)
-Se o paciente for diabético, deve ser avaliada a glicemia capilar
-A maioria dos doentes recupera espontaneamente em poucos minutos; dar líquidos por via oral, quando possível.
-Considerar fluidos IV apenas se o paciente estiver persistentemente hipotenso .
3) Abordagem da dor torácica e palpitações
-Verificar os sinais vitais
-Administrar oxigénio.
-Se dor torácica de provável origem cardíaca, considerar a administração de aspirina.
-Se PA sistólica superior a 100 mmHg, considerar a administração de nitroglicerina sublingual a cada 5 minutos. Verificar a PA após cada dose
-Se o Dispositivo Automático Externo permitir a monitorização, considerar o seu uso para avaliar o ritmo cardíaco e eventuais alterações do segmento ST.
-Se os sintomas desaparecerem após instituição das medidas descritas, o desvio do voo não é normalmente necessário. Consultar equipa médica em terra pode ajudar nesta decisão.
Comentário: Os passageiros de companhias aéreas, médicos ou outros profissionais de saúde, devem estar conscientes do seu potencial papel para responderem a situações de emergência médica a bordo. Embora não haja obrigação legal de intervir, acredito que a ética moral e profissional nos faça agir voluntariamente nestas situações.