Cirurgia Pediátrica por Moçambique: entrevista ao Prof. João Moreira Pinto

 

Em missão por Moçambique, com o apoio da health4moz, a fazer escala entre dois voos e no arranque de 10 alucinantes dias devotados à formação dos estudantes de Medicina, o Prof. Doutor João Moreira Pinto, cirurgião pediátrico, concedeu-nos uma entrevista.

 

 

Como surge esta iniciativa?
Desde 2017 que vimos dar formação em Cirurgia Pediátrica aos estudantes de Medicina em Moçambique. Desta vez, estaremos a formar cerca de 190 alunos, durante 10 dias, nas Faculdades de Nampula, Beira e Maputo. Desta formação, que integra o currículo destas faculdades, a parte teórica foi leccionada online e já foi realizada a respectiva avaliação. Viemos agora para ensinar a componente prática, que inclui, por exemplo, um curso de feridas e suturas e um curso de suporte básico de vida. De realçar que em Moçambique existem apenas três cirurgiões pediátricos.

 

 

Quais as principais diferenças relativamente à patologia cirúrgica em idade pediátrica em Moçambique, comparativamente a Portugal?
Mais de metade da população de Moçambique tem menos de 18 anos, portanto serão cerca de 25 milhões de crianças. Existe uma prevalência muito superior de malformações congénitas, por nem sempre haver seguimento médico adequado da gravidez. Aqui, encontramos frequentemente patologias como onfalocele, fenda palatina, gastrosquise, também o freio lingual curto a interferir com a amamentação, só para dar alguns exemplos. Também de referir os acidentes, de entre os quais as queimaduras são os mais prevalentes.

Alguma estória particular que tenha ficado na memória?
A primeira vez que vim, logo no aeroporto, aguardava-me uma colega médica Psiquiatra que ali mesmo me pediu para observar o filho, que tinha um varicocelo.

Quem embarcou na actual missão e o que trazem na bagagem de volta a Portugal?
Eu, a Dra. Inês Teixeira (médica interna de Cirurgia Pediátrica) e a Dra. Catarina Costa (médica anestesista).
Regressamos sempre de coração cheio. É admirável a sede de aprender destes estudantes e a sua dedicação ao estudo. Na volta, trazemos muitas vivências e amizades.

Por Sofia Baptista

 

 

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