Evolução da prevalência obesidade no mundo




Pergunta Clínica: Que tendência tem vindo a registar-se mundialmente na prevalência de excesso de peso e obesidade e qual a carga de doença que lhe está associada?

Enquadramento: A prevalência do excesso de peso e obesidade está a aumentar mundialmente e são vários os estudos epidemiológicos que identificam uma relação entre o índice de massa corporal e diversas doenças crónicas, incluindo doença cardiovascular, diabetes mellitus, doença renal crónica, neoplasias e doenças do aparelho músculo-esquelético. Apesar de se reconhecer a importância do tema e das tentativas dos últimos anos na obtenção de informação, desconhecem-se as tendências mundiais da prevalência do excesso de peso e obesidade, bem como o impacto na mortalidade e anos de vida ajustados à incapacidade

Desenho do estudo: Reunindo dados de 68.5 milhões de pessoas, provenientes de 195 países, os autores analisaram as tendências referentes à prevalência de excesso de peso e obesidade entre adultos e crianças e quantificaram a carga de doença associada a IMC aumentado de acordo com idade, sexo e causa, entre 1990 e 2015. 

Resultados: Em 2015, a prevalência global de obesidade foi de 12% na população adulta e 5% em idade pediátrica. Desde 1980, a prevalência de obesidade duplicou em mais de 70 países e tem continuamente aumentado na maioria dos restantes. Apesar da prevalência de obesidade ser inferior na idade pediátrica comparativamente à população adulta, a taxa de aumento da obesidade tem sido superior nesta faixa etária. As prevalências mais elevadas registam-se em países com elevado índice sociodemográfico. No ano de 2015, o IMC elevado contribuiu para 7.1% das mortes por todas as causas e representou 4.9% dos anos de vida ajustados à incapacidade  por qualquer causa entre os adultos a nível mundial. Entre 1990 e 2015 verificou-se um aumento de 28.3% na taxa global de morte relacionada ao IMC elevado. A doença cardiovascular foi a primeira causa de morte e de anos de vida ajustados à incapacidade . A segunda causa relacionada com a mortalidade foi a diabetes mellitus enquanto a relacionada com incapacidade foi a doença renal crónica.

Comentário: Este estudo lança o alerta para uma realidade premente: o aumento significativo de casos de excesso de peso e obesidade e a carga que representa. O Médico de Família tem um papel central na prevenção, diagnóstico e intervenção. As ações de educação para a saúde, em contexto individual ou comunitário, com reforço da importância da aquisição de estilos de vida saudáveis, não devem ser desvalorizadas. Na população pediátrica, estas intervenções devem assumir um registo ainda mais intensivo, pela importância que esta idade tem na predição de estilos de vida futuros. Por outro lado, o diagnóstico e a correta codificação do problema permitir-nos-ão acompanhar a evolução de números que reflitam a realidade e programar intervenções adequadas, nomeadamente através de programas de educação alimentar com colaboração de Nutrição. Só com uma abordagem global será possível a inversão desta tendência.

Artigo original: NEJM



Por Maria João Xará, USF Entre Margens


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