Estudos sugerem ineficácia do ácido acetilsalicílico na prevenção primária em pacientes diabéticos

Por Lígia Torres Lima, USF São João do Sobrado

O artigo “Aspirin for primary prevention of cardiovascular events in people with diabetes: meta-analysis of randomised controlled trials“, foi publicado no British Medical Journal, em Novembro de 2009.

Esta meta-análise incluiu 6 estudos controlados randomizados, que compararam a aspirina com um controlo (placebo ou “não-aspirina”), em indivíduos com Diabetes mellitus (DM) e sem doença cardiovascular (DCV) pré-existente.

Os resultados demonstraram que a aspirina não reduziu de forma estatisticamente significativa o risco de eventos cardiovasculares (CV) major, mortalidade CV por qualquer causa ou mortalidade por qualquer causa, na população em estudo.

A evidência relativamente aos malefícios foi inconsistente. Contudo, não houve aumento estatisticamente significativo do risco de hemorragia gastrointestinal ou outra, com a aspirina, comparando com o grupo de controlo.

De acordo com o NICE, as intervenções prioritárias, baseadas na evidência, que reduzem substancialmente o risco cardiovascular (RCV) em indivíduos com DM são:

– cessação tabágica

– controlo da pressão arterial

– metformina

– estatina, para redução do colesterol

A aspirina deve ser oferecida a doentes com DM e evidência de DCV, como prevenção secundária de novos eventos CV. No entanto, relativamente ao seu uso para prevenção primária, parece ser mais apropriada uma abordagem individualizada, uma vez que a presença de factores pessoais pode alterar o risco.

O estudo supracitado conclui que o benefício do uso da aspirina para prevenção primária de eventos CV, em doentes com DM, continua a carecer de provas. Assim, o regime terapêutico de doentes com DM sem DCV pré-existente, medicados com aspirina, poderá ser simplificado, retirando-se este fármaco.  

O NICE relembra que na edição de Outubro de 2009 da Drug Safety Update é recomendado o uso de aspirina em baixa dose para prevenção de doença trombótica cerebrovascular ou cardiovascular, apenas em indivíduos que já têm história de doença vascular – i.e., como prevenção secundária. Não está indicado o seu uso para prevenção primária.

Artigo originalhttp://www.npc.co.uk/ebt/merec/cardio/diabetes2/resources/merec_monthly_no25.pdf

Prescrição Racional
Menu