Fibrilação auricular assintomática e o risco de AVC isquémico

Por Pedro Azevedo, IFE MGF – USF Fânzeres

Um quarto dos AVCs isquémicos são de causa desconhecida, e a fibrilação auricular pode ser um fator etiológico comum. Os pacemakers podem detetar episódios subclínicos de frequência auricular aumentada.

Um total de 2580 doentes, com hipertensão, idades superiores a 65 anos e sem história de fibrilação auricular nos quais um pacemaker ou um desfibrilador tivera sido implantado recentemente foram monitorizados durante 3 meses para detetar episódios de taquiarritmias auriculares subclínicas (>190 bpm durante 6 min) e seguidamente monitorizados por um período médio de 2,5 anos para aferir se tinham algum AVC isquémico ou embolismo sistémico.  Verificou-se que as  taquiarritmias auriculares subclínicas eram, de facto, fatores de risco para AVC e embolia, mesmo após ajuste dos fatores de risco (fator de risco, 2.50; 95% CI, 1.28 a 4.89; P=0.008).

Este é um exemplo que pode justificar muitos dos AVCs em pacientes de suposto “baixo risco” que nos aparecem na clínica e que até aqui considerávamos de natureza “criptogénica”. A investigação epidemiológica pode ser uma ferramenta poderosa na eliminação de termos como este, entre outros, que apenas denotam que muitas vezes sabemos muito pouco da verdadeira etiologia por detrás de determinado desfecho clínico. Vale a pena pensar nisto.

Artigo original: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1105575

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