"Guidelines" para as pessoas

 

Ajudar os pacientes na gestão de múltiplas patologias é uma das tarefas em que o Médico de Família se diferencia durante a sua especialização, e uma aptidão que sente necessidade de ver desenvolvida ao longo da sua vida profissional.

Num tempo como o atual, em que constantemente lidamos com o fardo das doenças crónicas e também com a pressão proveniente do desenvolvimento tecnológico na área dos medicamentos e dos exames complementares de diagnóstico, essa tarefa constitui um verdadeiro desafio. Para ajudar os médicos nessa tarefa, múltiplas instituições têm-se dedicado à elaboração de guidelines. Contudo, as guidelines, mesmo quando elaboradas de forma correta sob o ponto de vista metodológico, e mesmo quando baseadas na melhor evidência científica, apresentam um problema major que limita a sua utilidade. Na sua grande maioria, as guidelines atuais, quer nacionais, quer internacionais, não têm em consideração indivíduos com múltipla patologia, não têm em consideração as comorbilidades, não são orientadas para a pessoa como um todo, pelo que apresentam problemas sérios de aplicabilidade, pois facilmente conduzem à polimedicação dos indivíduos e até a eventual dano devido às possíveis interações medicamentosas.

Cada guideline, existe apenas para abordar uma determinada patologia, como se a pessoa que nós vemos no dia-a-dia na consulta não tivesse ao mesmo tempo hipertensão, diabetes, dores osteoarticulares e uma perturbação de ansiedade… A este respeito, aconselho a leitura deste artigo:

Guidelines for people not for diseases: the challenges of applying UK clinical guidelines to people with multimorbidity

Precisamos de guidelines centradas nas pessoas, que integrem a gestão e priorização das comorbilidades de forma a minimizar o risco de dano iatrogénico.

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