Inibidores da 5α-redutase e risco de cancro da próstata

Por Mariana Rio, USF São João Porto

Pergunta clínica: O uso de inibidores da 5α-redutase em homens com hiperplasia benigna da próstata aumenta o risco de cancro da próstata?

Desenho do estudo: estudo caso-controlo de homens com cancro da próstata e que tinham sido medicados com finasterida ou dutasterida. Foi efetuado na Suécia e publicado no British Medical Journal em Junho de 2013.

Resultados: foram incluídos 26 735 casos e 133 671 controlos. Os homens com Score de Gleason 2 a 6 eram mais novos. O odds ratio de desenvolver cancro da próstata foi de 0.90 (intervalo de confiança de 95%) para os homens medicados com inibidores da 5α-redutase durante 3 ou mais anos. O risco de cancro era menor em homens com Gleason 2-6 (OR 0,7) e estava aumentado em homens com Gleason 8-10 (OR1.36). Nos homens com estádio de Gleason mais baixo, o risco diminuía à medida que a toma era mais prolongada.

Comentário: este estudo foi feito com base no pressuposto de que os inibidores da 5α-redutase poderiam aumentar o risco de cancro da próstata em homens com estadios de Gleason 8-10. Este pressuposto surgiu de resultados obtidos em dois ensaios (Prostate Cancer Prevention trial e Reduction by Dutasteride of prostate Cancer Envents) que levaram a um comunicado da US Food and Drug Administrition no qual era feita referência ao risco aumentado de cancro da próstata na sua forma mais agressiva. A associação encontrada entre o aumento do risco nos homens com Gleason 8-10 não foi significativa pelo que não se confirmou o pressuposto anterior. Em termos gerais, o desequilíbrio entre o risco e benefício da toma de inibidores da 5α-redutase pesa a favor do benefício. 

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