ISRS na gravidez e risco de autismo

 

Pergunta clínica: O uso de inibidores selectivos de recaptação da serotonina (ISRS) durante a gravidez aumenta o risco de distúrbios do espectro do autismo?

Desenho do estudo: Estudo de coorte, na Dinamarca, incluindo os nascimentos de 01 Janeiro 1996 a 31 Dezembro 2005 (n=626.875), com follow-up até 2009. Avaliaram-se o uso materno de ISRS antes e durante a gravidez, os diagnósticos de distúrbios do espectro do autismo nos filhos e os vários potenciais factores de confundimento.

Resultados: Foram identificadas 6068 (1%) mães tratadas com ISRS durante a gravidez e 3892 casos de distúrbios do espectro do autismo (1603 autismo e 2289 outros distúrbios do espectro do autismo), traduzindo-se numa incidência de 77 por 100.000 pessoas/ano. Das 42.400 pessoas/ano acompanhadas, detectaram-se 52 casos de filhos de mulheres que foram expostas a ISRS durante a gravidez (incidência 122,6 por 100.000 pessoas/ano). Contudo, na análise efectuada, o uso de ISRS durante a gravidez não demonstrou estar associado a um aumento significativo do risco de distúrbios do autismo (RR 1.20; 95%CI, 0.90 para 1.61).

Comentário: Os ISRS pela sua segurança e eficácia são, com frequência, utilizados no tratamento de ansiedade e depressão na gravidez. Contudo, estes fármacos atravessam a placenta, deixando incertezas quanto à sua segurança no feto, risco de malformações, complicações obstétricas e alterações cognitivas e no comportamento da criança. Recentemente, os distúrbios do especto do autismo foram sugeridos em alguns estudos como possível complicação do seu uso. Este estudo com uma amostra de 626.875 nascimentos, mostrou que o uso materno de ISRS durante a gravidez não aumenta significativamente o risco de transtorno do espectro do autismo nos filhos.

Artigo original

Por Rute Maia, USF Prelada 

 

 

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