Liga Portuguesa a Favor do Cancro

 

“Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.”

Abraham Lincon

 

Temos aí uma legislação anémica, (sob pressão da UE) pretensamente antitabágica, a merecer reparos escandalizados duma oposição preocupada, não com a timidez das medidas anunciadas, mas com o ataque ao bom nome do tabaco. Estes partidos mostraram-se ofendidos com a exposição de imagens chocantes nos maços de cigarros, prática já comum em muitos países com governantes efetivamente mais preocupados com a saúde dos seus cidadãos do que com os lucros das tabaqueiras. Falam de bullying – espante-se!

Para a oposição a praga (se é que a consideram praga!) do tabagismo combate-se … com consultas. Não haverá entre os deputados médicos que expliquem aos colegas das respetivas bancadas que a prevenção primária é o caminho, sendo que a secundaria, neste capítulo, é duma eficiência paupérrima? O problema para a oposição não é haver muitos fumadores, o mal está em haver poucas consultas, ainda que com escasso sucesso. Para estes partidos os problemas de saúde resolvem-se derramando dinheiro sobre eles, mesmo que não se resolvam de todo. Efetividade é palavra vã.

Contudo, desengane-se quem vir no governo um guardião da saúde face à ofensiva tabagista. A liga pró cancro tem fervorosos adeptos na atual coligação governativa. Por exemplo: Paula Teixeira da Cruz, a tal senhora que quer pôr as farmácias a aviar charros. Pior: há mesmo quem diga que Portugal é a 5ª coluna das tabaqueiras dentro do fórum dos ministérios da saúde da UE. Depois de ouvir as declarações do nosso Secretário de Estado numa conferência da UE, em 2013, que conclusões podemos tirar? (*).

É muito preocupante constatar quão alargada e poderosa é a aliança de apoiantes da indústria tabaqueira e até que ponto o lóbi está enraizado entre a classe política.  Mais inquietante ainda é verificar que os médicos que militam em partidos políticos deixam as carteiras profissionais à porta, para se vergarem aos canones e estratégias prescritas pelos diretórios respetivos.  Que diabo: João Semedo, por exemplo, até é pneumologista e figura proeminente dum partido que não se submete a ortodoxias; porque raio pactua com os capitalistas da Big Tobacco? Muito falam os políticos nos governos e na oposições em direito à saúde, mas quando chega a hora de implementar políticas com real impacto nesse domínio, todos borregam face ao poder das tabaqueiras e outros lóbis antisaúde.

Por Acácio Gouveiaaamgouveia55@gmail.com

(artigo publicado em simultâneo no MGFamiliar e no Jornal Médico)

 

(*) As declarações podem ser visualizadas neste link a partir do min 01:41:00 

MaisOpinião - Acácio Gouveia
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