O efeito do rastreio na mortalidade por cancro do ovário

Por Joana Costa, IFE MGF, UCSP Póvoa de Santa Iria

Muito recentemente, o JAMA publicou um artigo relativamente ao rastreio do cancro do ovário com o marcador tumoral CA-125 e a ecografia ginecológica endovaginal, fazendo referência ao desconhecimento do efeito do mesmo sobre a mortalidade.

Desenho do estudo e amostra – foi ensaio randomizado controlado com uma amostra de 78216 mulheres com idades compreendidas entre os 55 e os 74 anos, que foram submetidas a rastreio anual (n=39105) e a cuidados usuais (n=39111) em 10 centros dos Estados Unidos da América (EUA), de Novembro de 1993 a Julho de 2001.

Intervenção – ao primeiro grupo, efectuou-se rastreio anual com CA-125 durante 6 anos e com ecografia ginecológica endovaginal durante 4 anos. Os participantes e seus médicos de família recebiam os resultados e controlavam a avaliação dos que fossem anormais. O grupo de cuidados usuais não fez este rastreio, recebendo apenas os cuidados de saúde habituais. Os participantes foram seguidos por um período máximo de 13 anos (mediana 12.4) para um diagnóstico de cancro ou morte até 28 de Fevereiro de 2010.

Resultados – o cancro do ovário foi diagnosticado em 212 mulheres (5,7 por 10000 pessoas-anos) no grupo submetido a rastreio e em 176 (4,7 por 10000 pessoas-anos) no grupo controlo. Houve 118 mortes causadas por cancro do ovário (3,1 por 10000 pessoas-anos) no primeiro grupo e 100 no segundo (2,6 por 10000 pessoas-anos) (RR de mortalidade, 1.18; 95% CI, 0.82-1.71). Das 3285 mulheres com resultados falso-positivos, 1080 foram submetidas a follow-up cirúrgico; e destas, 163 tiveram pelo menos uma complicação grave. Houve 2924 mortes por outras causas (excluindo cancro do ovário, pulmão e colo-rectal) no primeiro grupo (76,6 por 10000 pessoas-anos) e 2914 (76.2 por 10000 pessoas-anos)  no segundo (RR, 1.01; 95% CI, 0.96-1.06).

Conclusões – os autores chegaram à conclusão que na população geral feminina dos EUA, que fazem simultaneamente rastreio com CA-125 e ecografia ginecológica endovaginal e em comparação com os cuidados de saúde habituais, não houve redução na mortalidade por cancro do ovário. Mais, a avaliação diagnóstica após um resultado falso-positivo esteve associada a várias complicações.

Artigo originalhttp://jama.ama-assn.org/content/305/22/2295.full.pdf+html

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