Alterações na saúde mental após cessação tabágica

Pergunta clínica: os fumadores que optem por deixar de fumar sofrem alterações na sua saúde mental em comparação com os doentes que mantêm hábitos tabágicos?

Desenho do estudo: Revisão sistemática e meta-análise de estudos longitudinais em que a saúde mental tinha sido avaliada antes da cessação tabágica e pelo menos 6 semanas após a cessação. 

Resultados: foram selecionados 26 estudos e avaliados 6 parâmetros de saúde mental: 1) diminuição dos níveis de ansiedade (4 estudos – diferença média padronizada -0,37; Intervalo de confiança de 95%: -0,70 a -0,03; P=0,03); 2) diminuição dos níveis de ansiedade e depressão (5 estudos – diferença média padronizada -0,31; Intervalo de confiança de 95%: -0,47 a -0.14; P<0.001); 3) diminuição dos níveis de depressão (10 estudos – diferença média padronizada -0,25; Intervalo de confiança de 95%: -0,37 a -0.12; P<0.001); 4) diminuição dos níveis de stress (3 estudos – diferença média padronizada -0,22; Intervalo de confiança de 95%: 0.09 a 0.36; P<0.001); 5) melhoria qualidade de vida psicológica (8 estudos – diferença média padronizada -0,27; Intervalo de confiança de 95%: -0,40 a -0.13; P<0.001); 6) aumento da sensação de otimismo (3 estudos – diferença média padronizada 0,40; Intervalo de confiança de 95%: 0.09 a 0.71; P=0.001): Nos parâmetros da ansiedade e qualidade de vida psicológica havia heterogeneidade estatística entre os estudos. Além disso, o tempo de follow-up dos diversos estudos variava de algumas semanas a vários anos.

Conclusão: A cessação tabágica diminui os níveis de ansiedade, depressão e stress e tem um efeito positivo no humor e qualidade de vida.

Comentário: “Ó Dr., não quero deixar de fumar. Eu fumo porque me faz sentir menos ansioso e porque me acalma.” – esta é uma frase que frequentemente se ouve quando se aborda o tema da cessação tabágica durante a consulta. Este estudo reforça o efeito positivo que a cessação tabágica tem, não só a nível físico mas também mental. Reforça também a confiança do médico, que após ouvir a frase do costume pode dizer com confiança: “Deixar de fumar diminui os níveis de ansiedade e está cientificamente provado que as pessoas ficam a sentir-se psicologicamente melhor”. 

Artigo original

Por Mariana Rio, USF São João do Porto 




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