Dr. Philippe Botas @ Banyuls-sur-mer

 

 

Quando participaste no Programa Hippokrates da APMGF?

Entre 23 de Junho e 7 de Julho de 2013.

Em que cidade/local estiveste?

França, na vila de Banyuls-sur-mer.

Quanto tempo estiveste no estágio? O que te levou a optar pela França?

O estágio teve a duração de duas semanas e integrei as actividades do médico que acompanhei. Sempre tive curiosidade de conhecer a organização e o âmbito dos CSP em França porque nasci lá e os meus pais e familiares sempre fizeram comparação com o nosso sistema de saúde. Não é um país que muitos colegas tenham escolhido para estágio. Assim quis perceber melhor quais são as diferenças que tanto são focadas por tantos e que ainda me fazia alguma confusão.

O que te surpreendeu mais no estágio?

A generosidade do médico e da sua família que me receberam muito bem. A simpatia dos utentes que num contexto de prática de CSP privada se mostraram muito receptivos à minha participação nas consultas. A dissociação física do ambiente e contexto de prática profissional dos médicos e enfermeiros, mas que se complementaram perfeitamente no trabalho em equipa com o objectivo máximo os cuidados aos utentes. O sistema de comparticipações dos cuidados de saúde. Os muitos domicílios que o médico de família realizou diariamente. A escassez de registos clínicos durante a consulta. 

O sistema de saúde francês pode ser um modelo para Portugal? Porquê?

O sistema de saúde de Portugal é um modelo muito diferente da França. Nomeadamente em CSP, as diferenças são maximizadas na dicotomia público/privado. Fiquei com a percepção de que o Médico de Família em Portugal abrange um leque mais vasto de faixas etárias, grupos vulneráveis e de risco, com uma melhor organização do tipo de consultas. Na comparação da minha prática diária com a actividade desenvolvida neste estágio fiquei com a percepção que investimos mais na vigilância e prevenção, que se reflecte no perfil de utentes. Na minha experiência em França percebi que numa maior percentagem de casos, os utentes procuram o médico por queixas físicas e o médico concentra-se em resolver a agenda do utente. O que destaco de mais positivo na prática clínica durante a minha experiência é a proximidade às pessoas pela realização de muitos domicílios. Como médico agrada-me mais o modelo de Portugal. Como utente, o modelo Francês tem muitas vantagens, como a acessibilidade a um vasto leque de serviços de saúde comparticipados pelo SNS.  

Quais os conselhos práticos que pode dar a um colega português que queira estagiar fora de Portugal?

1º Não hesitem. Vale mesmo a pena.

2º Pesquisem no sítio do “Movimento Vasco da Gama. Está organizado por países e em alguns casos o médico que promove o intercâmbio escreve um texto informativo sobre a sua prática e expectativas.

3º Não tenham receio do obstáculo da língua. Mas o ideal será ir para um país onde percebam o que os utentes dizem, pois o cerne do estágio é a consulta.

4º  Iniciem um contacto constante com o médico que vos vai receber e solicitem conselhos para a viagem e aspectos organizacionais (por exemplo, se é preciso levar algum material em específico).

4º Aproveitem a viagem de regresso para escrever o relatório da experiência. Facilita muito.

 

Entrevista conduzida por Luís Monteiro 

Médicos portugueses pelo mundo
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