Recomendação USPSTF: rastreio de obesidade infantil




Pergunta clínica: Nas crianças e adolescentes com 6 ou mais anos, o rastreio de obesidade pela avaliação do índice de massa corporal ((kg/m2) ajustado à idade e sexo, é eficaz na redução da obesidade e das suas complicações?

Enquadramento: A obesidade em crianças e adolescentes aumenta o risco de asma, apneia obstrutiva do sono, patologia ortopédica, cardiovascular ou metabólica. As crianças e adolescentes obesos estão mais vulneráveis a “bullying”. A obesidade pode permanecer na fase adulta o que aumenta o risco de, por exemplo, diabetes tipo 2. Portugal é um dos países da Europa em que é maior a prevalência de obesidade infantil, já que 30% das crianças apresentam, pelo menos, excesso de peso e mais de 10% são obesas.

Desenho do estudo: A United States Preventive Services Task Force realizou uma revisão da evidência sobre o rastreio da obesidade em crianças e adolescentes e os benefícios e riscos de intervenções no controlo de peso. Estas recomendações serão aplicáveis a todas as crianças e adolescentes com 6 ou mais anos de idade. A obesidade foi definida como percentil índice de massa corporal ≥ 97 ajustado à idade e sexo.

Resultados: Recomenda-se o rastreio de obesidade em crianças e adolescentes de 6 anos ou mais. As intervenções comportamentais abrangentes e intensivas (≥26 horas de contacto) em crianças e adolescentes com idade igual ou superior a 6 anos com obesidade resultaram em reduções médias consistentes do excesso de peso em comparação com os cuidados habituais. Estudos de intervenções semelhantes com 52 horas de contacto ou mais demonstraram maiores reduções de índice de massa corporal e algumas melhorias nos fatores de risco cardiovascular e metabólicos. As sessões frequentemente visavam pais e filhos e algumas incluíam sessões de atividades físicas supervisionadas. Estudos com menos de 26 horas de contacto não mostraram nenhum benefício significativo em comparação com os cuidados habituais. Estudos sobre o uso de metformina e orlistato mostraram pequenos efeitos na redução de peso em comparação com placebo, mas todos esses estudos foram de curto prazo e não apresentaram evidência de benefício a longo prazo. O risco do rastreio e das intervenções comportamentais são mínimos.

Conclusão: A United States Preventive Services Task Force recomenda o rastreio da obesidade em crianças e adolescentes de 6 anos ou mais e a referenciação destas para intervenções comportamentais abrangentes e intensivas de forma a promover melhorias no controlo do peso. (Recomendação B)

Comentário: O rastreio através do cálculo do índice de massa corporal é um acto simples, sem riscos e fácil de cumprir na prática clínica diária no âmbito da consulta de saúde Infantil e Juvenil.  Para alterar os dados actuais da prevalência da obesidade infantil será essencial um conjunto de iniciativas nacionais (como o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável) e locais que visem a mudança dos hábitos das famílias. A equipa de profissionais de saúde dos cuidados de saúde primários (médico de família e enfermeiro de família) tem um papel central na prevenção da doença e na promoção da saúde.   

Artigo original: JAMA

Por Joana Teixeira, USF Pevidém 




A não perder
Menu